Câncer de ovário é uma doença silenciosa

Trata-se da segunda neoplasia ginecológica mais frequente e a nona causa de morte por câncer no mundo entre o sexo feminino

A atriz Samantha Weinstein, conhecida pelo filme Carrie, a Estranha, morreu aos 28 anos, vítima de câncer de ovário, no ano passado. Em 2021, a atriz Eva Wilma faleceu, aos 87 anos, em decorrência do tumor. Estimativas feitas pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), para o triênio de 2023 a 2025, mostram que o número de mulheres diagnosticadas com o problema deve ultrapassar os sete mil novos casos por ano.

Segundo a oncologista Maria Cristina Figueroa Magalhães (CRM-PR 22.643 e RQE 19.751), o câncer de ovário é considerado silencioso porque pode não apresentar sintomas claros nos estágios iniciais. No entanto, quando aparecem, podem ser vagos e semelhantes a problemas comuns e de menor gravidade. Contudo, a médica diz que alguns sinais alertam a mulher, como a distensão abdominal ou sensação de plenitude; dor abdominal ou pélvica persistente; alterações no hábito intestinal (constipação ou diarreia); aumento do volume abdominal; perda de peso inexplicada; mudanças no apetite; frequente necessidade de urinar.

Diagnóstico

O diagnóstico do câncer de ovário geralmente envolve uma combinação de exames e testes, como história clínica e exame físico. Além disso, podemos incluir:

Ultrassonografia pélvica ou transvaginal: visualiza os ovários e identifica anomalias.

Exames de imagem: tomografia computadorizada ou, preferencialmente, ressonância magnética podem ser usadas para avaliar a extensão do câncer.

Marcadores tumorais: testes de sangue, como o CA-125, podem auxiliar na investigação diagnóstica.

Biópsia: a confirmação do diagnóstico requer biópsia. Uma amostra de tecido é retirada e examinada microscopicamente para detectar células cancerígenas.

Dra. Maria Cristina – Foto divulgação

Maria Cristina também comenta que a idade mais comum das mulheres que têm esse tipo de tumor acomete a faixa etária dos 50 e 60 anos. “O risco aumenta com a idade, sendo menos frequente em mulheres mais jovens”, conta.

Tratamento

A médica ressalta que existem dois grandes grupos de tumores malignos originários nos ovários: germinativos (apesar de mais raros, ocorrem em pacientes mais jovens) e os epiteliais (mais comuns). Conforme a especialista, o tratamento envolve uma combinação de abordagens, dependendo do estágio e da saúde geral da paciente.

Cirurgia: é um dos pilares de tratamento do câncer de ovário.

Quimioterapia: pode ser empregada antes ou após a cirurgia, a depender do estádio da doença.

Terapia-alvo e imunoterapia: em alguns casos, especialmente se o câncer for recorrente ou avançado, pode ser considerada terapia-alvo (especial destaque aos inibidores da PARP) ou imunoterapia.

Fatores de risco

Predisposição hereditária: mulheres com histórico familiar de câncer de ovário, mama ou cólon podem ter um risco aumentado devido a mutações genéticas, como BRCA1 e BRCA2. Idade: o risco aumenta com a idade.

História reprodutiva: mulheres que nunca engravidaram ou que tiveram infertilidade podem ter um risco maior.

Síndromes genéticas: a síndrome de Lynch também está associada a um aumento do risco.

Uso de hormônios: o uso prolongado de terapia de reposição hormonal pode estar associado a um aumento do risco.

Menstruação

De acordo com a oncologista, diante do diagnóstico de câncer de ovário, um dos tratamentos mais importantes é a cirurgia, que inclui a remoção dos ovários, das trompas e do útero. Ela explica que, desta forma, a mulher vai entrar na menopausa e os ciclos menstruais serão interrompidos. Entretanto, a médica reforça que a maioria dos diagnósticos ocorre na pós-menopausa.

Gravidez

Como esclarece Maria Cristina, dependendo da idade que a mulher tem o diagnóstico da doença, a capacidade de engravidar, após o diagnóstico de câncer epitelial de ovário, torna- se bastante improvável. “Tratamentos, como a quimioterapia e, principalmente a cirurgia para esta condição, afetam a fertilidade. O tratamento cirúrgico adequado do câncer de ovário envolve a remoção dos ovários, trompas e útero”, finaliza.