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Saúde

Entenda a arritmia cardíaca

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O jogador de futebol uruguaio Juan Izquierdo - Foto divulgação

Trata-se de uma alteração na formação ou na condução do impulso elétrico que vai gerar os batimentos cardíacos. Não existe idade para que o problema apareça, podendo ocorrer inclusive na vida intra-útero

Números divulgados pela Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac) mostraram que cerca de 20 milhões de pessoas no Brasil são atingidas pela doença. Ela é responsável por mais de 320 mil mortes súbitas anualmente no país. Segundo o cardiologista e eletrofisiologista Frederico Scuotto (CRM/SP 124.331), as arritmias cardíacas podem ser relacionadas a problemas genéticos, ambientais ou ambos. Dentre os ambientais adquiridos, existem várias condições cardiovasculares

— presença de doença isquêmica do coração, insuficiência cardíaca, problemas valvares, hipertensão arterial — que podem gerar arritmia. Dentre os não cardíacos, destacam-se o sedentarismo, a obesidade, a apneia obstrutiva do sono, o consumo exagerado de álcool, cafeína, energéticos.

O médico comenta que até 50% dos casos as arritmias podem ser assintomáticas. No entanto, quando apresentam sintomas, os principais são palpitações, dor torácica, falta de ar, tontura, sensação de desmaio e o próprio desmaio. “Os principais exames que ajudam a diagnosticar a arritmia são os que avaliam, monitoram o ritmo cardíaco, como o eletrocardiograma e o Holter, e aqueles que analisam o coração no esforço, como o teste ergométrico”, aponta.

Tratamento

O cardiologista lembra que os tratamentos podem estar apenas relacionados à observação clínica, à condição de base do paciente até o uso de medicamentos antiarrítmicos específicos e necessidade de intervenção cardíaca especializada como o estudo eletrofisiológico com ablação (é realizado o procedimento semelhante a uma cauterização do foco das arritmias cardíacas). “Casos selecionados podem necessitar do implante de dispositivos cardíacos, como marcapassos e desfibriladores”, pontua.

Cirurgia

De acordo com Frederico, a cirurgia de ablação é indicada quando o tratamento clínico com medicamentos não obtém sucesso, e o efeito colateral do uso dos medicamentos é proibitivo para sua continuidade, ou quando a condição cardíaca do paciente exige a intervenção pela doença de base que ele apresenta.

Caso do jogador uruguaio

Em agosto do ano passado, o jogador de futebol uruguaio Juan Izquierdo faleceu após sofrer arritmia cardíaca na partida contra o São Paulo. O especialista ressalta que algumas arritmias são compatíveis com a prática esportiva de alto rendimento e outras não. Ele conta que atletas de alto rendimento, como é o caso do paciente, necessitam de monitorização contínua, pois o treinamento intensivo pode levar a alterações cardiológicas que podem suscitar arritmias cardíacas.

Dr. Frederico Scuotto - Foto divulgação

Dr. Frederico Scuotto – Foto divulgação

Além disso, o cardiologista explica que episódios de atividades físicas extremas promovem também cenário propício para o aparecimento de arritmias pela própria condição de anaerobiose em que muitas vezes o atleta se encontra. “Dessa forma, a realização de exames ainda mais precisos de imagem e de monitorização cardíaca são necessárias nestes casos”, alerta.

Genética

A arritmia cardíaca, como esclarece Frederico, pode, sim, ter um componente genético, como as doenças dos canais iônicos, chamadas de canalopatias em pacientes com coração normal. Esse componente genético pode levar a alguma alteração estrutural no coração e provocar a arritmia cardíaca, como a miocardiopatia hipertrófica, uma das principais causas de morte súbita em atletas.

No entanto, o cardiologista chama a atenção que fatores ambientais podem estar implicados. “Um deles é a sequela de miocardite, onde um vírus pode gerar uma cicatriz no músculo do coração, podendo suscitar alguma arritmia cardíaca, como vimos, por algumas vezes, na Covid-19”, finaliza.

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