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A economia criativa e o papel do Ministério da Cultura no desenvolvimento econômico

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Como países latino-americanos, será que deixamos o período em que éramos povos colonizados? Ou apenas trocamos os colonizadores? Por que o Brasil continua a ser apenas um “país em desenvolvimento” na busca sem fim por uma independência para além do Grito do Ipiranga? Cláudia Leitão, professora que implantou a primeira Secretaria de Economia Criativa do Ministério da Cultura, em seu plano de trabalho para os anos 2011 a 2014, já nos questionava: “Qual desenvolvimento perseguimos? E para este desenvolvimento, que Estado e quais modelos de desenvolvimento deveríamos construir? E, para a construção desses modelos econômicos, que mentalidade deveríamos adotar?”

Mais de 12 anos se passaram desde que a ex-ministra da Cultura Ana de Hollanda, cantora e compositora, trouxe de volta para o Ministério os conceitos do economista paraibano Celso Furtado (1920-2004), também ex-ministro da Cultura. Na sua posse, em 2011, dizia que “o Ministério vai ceder a todas as tentações da criatividade cultural brasileira. A criação vai estar no centro de todas as nossas atenções.

A imensa criatividade, a imensa diversidade cultural do povo mestiço do Brasil, país de todas as misturas e de todos os sincretismos. Criatividade e diversidade que, ao mesmo tempo, se entrelaçam e se resolvem num conjunto único de cultura. Este é o verdadeiro milagre brasileiro…”

Completava a respeito das grandes metas nacionais de erradicar a miséria, garantir e expandir a ascensão social, melhorar a qualidade de vida dos brasileiros: “A chama da cultura e da criatividade cultural brasileira deverá estar acesa no coração de cada uma dessas grandes metas”.

Depois de 25 anos, o pensamento de Furtado, a imprescindibilidade de um desenvolvimento brasileiro desconcentrado, com pilares na riqueza e na diversidade cultural do seu povo, voltava à pauta do governo federal. Sabemos que a descontinuidade das políticas brasileiras é a chaga maior que nos acostumamos a aceitar, governo após governo.

Avanços e retrocessos, construções e destruições, vêm ao longo da história do nosso País preservando o fracassado modelo de crescimento econômico concentrador, que mais amplia a distância entre os que podem e têm tudo e aqueles que de fato produzem, mas não podem e nunca quase nada têm.

E foi nesse contexto de idas e voltas que aconteceu o maior apagão civilizatório brasileiro, promovido por um governo protofascista, numa eleição com aparência democrática, com a retirada daquele que liderava as pesquisas, por um processo jurídico que, anos depois, se mostrou falso.

A consequência nefasta dessa operação ilegal foi que extrema-direita política emergiu, a extrema pobreza recrudesceu e a fome voltou ao país considerado o maior produtor de proteína animal do mundo. Brasileiros pobres remexendo o lixo de brasileiros ricos é uma cena de um filme brasileiro que parece nunca mudar.

Como profetizou o pensador pernambucano Josué de Castro (1908-1973), no mundo continua a existir “dois terços de pessoas que não dormem porque sentem fome e um terço de pessoas que não dormem por medo dos que sentem fome”. Em 2021, de acordo com dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), ainda os mesmos dois terços da população global vivem na pobreza e lutam diariamente para atender as suas básicas necessidades de sobrevivência.

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